quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O Apocalipse ou O caos urbano generalizado


Hoje foi um dia complicado... Eu saí da faculdade por volta de 17h com um assunto em mente para ser tratado nesse blogue, mas bastaram 5 minutos para perceber que eu deveria mudar de foco e tratar dessa sexta. É incrível como os ânimos se agitam com a proximidade de um feriado, afinal, para muitos, é o momento de viajar e ficar um tempo longe da própria casa, mudando de ares, ou só correr pra casa loucamente como se não houvesse amanhã a fim de começar o quanto antes essa folga. Não importando o motivo, o resultado acaba sendo o mesmo... Desordem! Indo pelo caminho do Sujinho mal sabia eu o que enfrentaria até chegar em casa. Logo no ponto notei que não seria fácil com aquelas 300 pessoas querendo seguir para o mesmo lugar. Acho que deixei passar uns 2 ônibus até que finalmente tivesse coragem de encarar aquele empurra-empurra incômodo de trabalhadores e estudantes sedentos por um espaço na condução. Peguei o 455 por saber que serve e obviamente fui em pé como todas as vezes que me dirijo à Praça XV, mas a diferença é que dessa vez eu não precisei me segurar. O número de pessoas por m² era tamanho que impossibilitava qualquer movimento, sendo possível talvez largar o próprio peso para relaxar (não testei isso porque incomodaria alguém, mesmo que o nível de incômodo fosse máximo e nada fosse capaz de piorar). Um grupo de garotos na rua ainda se aproveitou de uma parada do ônibus para dar um soco numa das janelas onde um homem dormia, acordando assustado e respondendo à altura. Prontamente escarrou na direção de um deles que não se fez de rogado e cuspiu de volta... Para sair daquele espaço, sendo que não havia mais espaço, foi igualmente difícil. Uma mulher atrás de mim começou a achar que possuía super poderes porque tentava a todo custo passar por dentro de mim. Infelizmente para ela não havia acontecido nada do gênero, nenhuma pesquisa genética, nenhum eclipse, nenhuma mutação, absolutamente nada, então teve que se contentar em ficar me empurrando. Aliás eu não saí do ônibus, fui cuspido pra fora. Para continuar minha viagem decidi que a trilha sonora mais destoante com a situação seria Bethoven e sua Sonata de piano nº 14 e assim foi. Para comprar o bilhete para as barcas não pude deixar de observar o quanto as pessoas tinham pressa, mesmo não havendo qualquer embarcação aportada. Entregavam o dinheiro à vendedora e ficavam com a mão estendida esperando troco e bilhete. Tive a impressão de que alguém puxaria uma pelo colarinho para que fosse mais rápida... Entrando na estação a impaciência era quase tangível, porém extremamente audível. Poucos minutos depois chegou uma das barcas expressas, que para mim se assemelham a uma caixa de sapatos flutuando, e mais uma vez a correria foi generalizada. Nunca tive a sensação de não pertencer a um lugar como naquele momento! As pessoas esbarravam, empurravam, , e não, eu não estava andando devagar, elas que corriam insanamente. Um homem de mais ou menos 2 metros de altura não foi com a minha cara e tentou me jogar da plataforma 3 vezes... Ao menos foi o que pareceu... Conseguindo um lugar em pé finalmente pude parar pra respirar um pouco e, como aquela barca tem janelas pessimamente posicionadas, comecei a observar ao meu redor. Propagandas do Banco PanAmericano na parte de trás de cada assento dava um aspecto horrível ao lugar. "Realize seu sonho!"... Mal sabem eles que meu sonho é de graça... Muitas pessoas ouvindo músicas, outras conversando, pais afagando os filhos... Quando ela chegou finalmente à Niterói esperei uns bons 5 minutos até que o número de pessoas diminuísse para eu descer. Prossegui até o terminal calmamente e esperei pouquíssimo tempo pelo meu ônibus. Assim que ele chegou me sentei num banco um pouco longe da saída, o que é desesperador e ele foi enchendo, enchendo, enchendo, enchendo. Tentei dormir porque assim não me incomodaria com nada, mas... Ao abrir os olhos o ônibus estava sendo socado por um homem que aparentemente teve o carro fechado pelo motorista. Os urros dele eram possíveis de serem ouvidos mesmo comigo ouvindo música no máximo! Nisso eu vi que se passaram 30 minutos num percurso que mal levaria 5... A viagem seguiu "tranqüila" até que se aproximou de um ponto entupido de estudantes da rede pública. Para os cariocas que não sabem, os ônibus do lado de cá da poça ainda funcionam no método trocador atrás e pessoas saindo pela frente. Assim sendo, com os estudantes entrando pela frente, fechou-se a porta com corpos de adolescentes e crianças. Não resisti depois dessa... Levantei do meu lugar e fui abrindo caminho (tomando o cuidado para não encoxar ninguém afinal eu NÃO sou um pervertido) ouvindo as reclamações de uma pessoa que estava na minha frente, cheirando a cerveja... Ele xingava cada pessoas pela qual passava e eu aproveitava o caminho que ele ia abrindo e desci 4 pontos antes do meu realmente... Não sabem o alívio que foi. Depois disso segui à pé o restante do caminho e aluguei 2 filmes planejando manter distância da rua nessa noite.

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Para a felicidade das pessoas que se incomodavam com a ausência de letras maiúsculas aqui está. Acho que é uma das maiores postagens que já fiz e toda com maiúsculas!

Acredito que amanhã esteja melhor portanto se alguém quiser propor algo pra fazer será bem vindo!

Mais uma postagem tratando de ônibus... Eles ocupam um grande lugar na minha vida e toda essa brincadeira de hoje levou 3 horas. Acho que o récorde de demora.

Não há muitos comentários extras por não haver nada extra.

PS: Finalmente estreou "O Grande Chefe"!

5 comentários:

B. disse...

E viva o shift!

Até eu peguei um onibus pseudo-lotado... a coisa tava feia hoje.

Raffaele Enrico disse...

Eu tive sorte, quando eu cheguei passaram três 474... ou seja até a barca a viagem foi tranqüila.

Bia Seilhe disse...

E finalmente apareceram as letras maiúsculas!! Para alegria, principalmente, de Bernardo!

Cara, véspera de feriado é terrível .. Parece que tá todo mundo indo pra mesma direção! Os próximos são meus pais, que já estão a caminho..

Anônimo disse...

nossa mais como vc gosta de falar de ônibus!

deve ser triste morar na direção da região dos lagos... bombante ao extremo em todos os feriados.

Anônimo disse...

LETRAS MAIÚSCULAS, LETRAS MAIÚSCULAS *-*

Cara, ainda bem que eu sou pseudo independente de ônibus na minha vida. E AINDA BEM que não é quase impossível chegar na minha casa toda vez que chega um feriado!!!

;*