terça-feira, 30 de outubro de 2007

Arctic Monkeys ou Como estou me acostumando a ir em shows

AVISO: Esse post é grande. Beeeeeeeeem grande... Mas é uma leitura agradável e sadia.

Preliminares das preliminares ou Da ECO à Marina:

Incrível como na sexta, ao longo das horas que precederam o show, nada importou. Tanto que ao fim dela a sensação que pairava era de que foram dois dias completamente diferentes. E no fundo foram mesmo. Estando livre de minhas incumbências relativas à ECO pude finalmente pensar exclusivamente na noite porvir. A aula-revisão da Consuelo insistia em atrapalhar e o Laboratório/Oficina de Rádio (sim, ele ainda existe), apesar de divertido, pareceu durar uma eternidade. Muito se enganam meus amigos da faculdade que pensam que me foquei minimamente em uma conversa, por isso apenas fazia comentários aleatórios e nem sempre pertinentes. Então, depois de tudo isso percebi que seriam 7 longas horas de espera até o começo do show. O que fazer? Fui tirar xérox, lanchar e ouvir música... Passada quase uma hora meu pai me liga dando a idéia de ir para a casa dele a fim de deixar o peso da minha mochila e tomar um banho. Podem pensar que sou um tremendo idiota por não ter pensado nisso, mas eu pensei. Só não achei exatamente um boa idéia porque... porque... porque... É, sou um idiota... De qualquer forma pronto! Assim passaria todo o tempo rapidamente. Porém eu havia marcado com o Guilherme às 19h30 no Botafogo Praia Shopping e não tinha como ligar para avisar que me atrasaria. Assim sendo tive que fazer tudo o mais rápido possível. Óbvio que pegar um ônibus que siga até o Grajaú em plena hora do rush na sexta não é nada rápido. Só consegui finalmente desembarcar da condução por volta de 18h30 e corri literalmente até o meu objetivo. Pude enfim tomar um banho, alimentar os peixes conforme fui instruído pelo meu pai, tirar o peso da mochila e partir de volta. Sem respirar, sem respirar! Com omp3 no ouvido fui até outro transporte público para pegar uma integração metrônibus. Foi o tempo que tive para relaxar. Consegui, pela primeira vez andando sozinho no metrô, sentar. Incrível, não? Prosseguindo, cheguei à estação de Botafogo quase meia hora atrasado e o que a gente faz no desespero? Sim, sobe na saída da Voluntários e segue pelo sentido errado da rua até perceber que passou da Subway. Bem, fazendo o caminho de volta cheguei ao BPS pouco depois das 20h e o Guilherme não estava no local combinado. Logo pensei que ele tinha seguido seu caminho e me deixado pra trás. Felizmente, ligando para ele à cobrar, descobri que havia ido jantar com uma amiga tendo em vista minha demora e já desceria. Entrei numa tabacaria/banca de jornal e fiquei vendo umas revistas enquanto esperava. Ouvi alguém gritando "Pedro!" na entrada da loja e percebi que estava na hora de seguir até a Marina da Glória. Eu, ele e sua amiga pegamos um metrô para a Cinelândia (sensação de "Putz! Podia ter ficado lá de uma vez esperando ao invés de ter feito esse percurso todo") para enfim pegarmos uma van que fazia shuttle até lá.

Preliminares ou Conhecendo a Marina:

Seguindo de van pelo aterro pudemos facilmente ver uma placa gigante brilhando e piscando "Tim Festival" em letras garrafais. Descemos e fomos andando até o Tim Village, local de convivência das pessoas que iriam para qualquer um dos shows. Nesse momento percebi que eles queriam que apenas os fortes chegassem até lá. O caminho, além de longo, contava com uns ziguezagues enjoativos e possivelmente desnecessários. De qualquer forma seguimos e chegamos, afinal somos fortes. Passamos pelo check-in avançado onde eles dois trocaram seus ingressos das Novas Divas por pulseiras e eu ainda não podia fazer o mesmo. Super moderninha a instalação preparada. Vários containeres empilhados formando um grande círculo. Vi uma fila formada no palco para onde iria posteriormente e imaginei a empolgação das pessoas que iriam ver a Björk. Deviam sentir a mesma ansiedade que eu, mesmo sendo Björk. Além disso, várias mini-tendas, a maioria com bares, uma da Redley, uma com uma bateria elétrica tocando The Strokes no momento em que passamos e muitas que eu nem sabia do que se tratavam. Na da Redley o Guilherme, ao perguntar sobre o preço do botton que estava no mostruário, descobriu que eles estavam apenas à mostra, porém, a super-simpática vendedora disse haver outros guardados. Conseguimos três, ficamos animados com a gratuidade e ainda pegamos um catálogo. Sim, inútil, mas de graça... Também havia uma tenda voltada para os containeres que, a partir de uma tela as pessoas podiam escrever ou desenhar com os dedos, projetava o que era feito como se tivesse sido pintado. A parte legal e que me fez notar que aquele lugar realmente não deve ser freqüentado por gente como eu: sem dinheiro. Preços: um lápis, 6 reais; uma garrafa de 510ml de água, 4 reais; um chope num copo descartável, 4,50 reais. Pois é. Compramos 3 chopes, pois se economizavam 50 centavos assim, brindamos e ficamos lá bebendo. O show da Björk já havia começado (dava pra perceber pelos gritos vindos da platéia e principalmente do palco). Aí reparei numa coisa. Lembram da fila que comentei? Ela não apenas não diminuiu como aumentou. Tive que ir perguntar do que se tratava e recebi a resposta que devem estar imaginando. "É pro Arctic!", uma menina me disse. Bateu aquele desespero. Mas como se ainda nem podia pegar a pulseira?! Bem, aquilo não importava para as pessoas. Fiquei pela fila e tentei puxar assunto com pessoas ao meu redor. Nada. Diversos grupinhos de galerinha do Ensino Médio que não parava de falar de provas. Consegui ao menos pedir para uma pessoa guardar o meu lugar quando vi que havia outra fila sendo formada por pessoas com pulseiras laranja. Fui até o início da minha fila perguntar a um dos seguranças como seria o esquema. Lá, um grupo de garotas chorava porque "Nós estamos aqui desde 9 da manhã e aquele pessoal vai entrar antes! Isso não é justo!". Me segurei para não rir da situação. Apenas perguntei ao homem que ouvia as inflamadas reclamações como seria o esquema. Disse que iriam liberar as duas ao mesmo tempo. Obviamente a fila com pulseiras iria mais rápida e como estava menor fui logo trocar o meu ingresso por uma. Finalmente sabia exatamente o que fazer e fiquei na fila com pulseiras num lugar mais vantajoso que o da anterior.

Na fila ou Como fiquei gripado:

Logo começou uma fina chuva. Nada que incomodasse. As garotas atrás de mim se revezavam não sei fazendo o que. Sei que a cada momento havia um grupo diferente de três meninas. Na minha frente um casal tirava fotos, conversava, parecia feliz e não era do Rio. Por sinal havia um gigantesco grupo de Belo Horizonte. A chuva parou. O tempo passou. O show da Björk não acabava e já passava das 22h30, horário no qual poderíamos entrar na tenda. Atrás de mim as garotas começaram a reclamar da fila, dizendo que mais da metade daquelas pessoas não conheciam nada além de "Fluorescent Adolescent" e só por isso estavam lá tirando o lugar delas de "fãs verdadeiras". A chuva voltou. O show da Björk acabou. As pessoas começaram a sair. Às 23h40 ainda não havia saído todo mundo. Um homem passou distribuindo capas de chuva e eu prontamente ergui minha mão para receber uma. Ele me ignorou. A chuva parou. As garotas começaram a reclamar por causa da demora. A chuva voltou. Um outro homem passou distribuindo capas e dessa vez consegui pegar uma. Ok, três na verdade. Ele pediu que eu distribuísse e entreguei a duas das 6, as vezes 7, meninas e pensei em vestir uma. Fiquei meio hesitante para colocar até que por volta de 00h00 finalmente coloquei. Adivinhem! Sim, as pessoas já haviam saído do show da Björk, o palco estava pronto para o Hot Chip e a fila começou a andar. Tirei a capa e vesti minha animação.

O show do Hot Chip ou ...:

O show do Hot Chip foi legal.

À espera dos Macacos do Ártico ou Ô demora!:

O palco foi rapidamente esvaziado e começaram a trazer os instrumentos do Arctic Monkeys. Esse foi o momento da sociabilização. Um cara perto de mim começou a puxar assunto com todos perguntando qual a música preferida da banda e assim formou-se uma roda de discussão. Era bom falar depois de horas calado. Ele criticava o gosto da maioria das mulheres que conhecia, resumindo-os à axé, funk e pagode, dizendo qualquer uma ali dentro da tenda possivelmente valer a pena. Isso me levou a pensar em diversas coisas e começar a visualizar melhor aquelas perto de mim... Bem, pulando essa parte os técnicos fizeram todo o trabalho rapidamente, porém o funcionário-suicida descobriu um problema. Sua função era, tocando guitarra, chegar próximo do microfone e tocá-lo com a boca. Choque e ele quase caiu para trás. Minutos depois, após alguns ajustes ele fez o mesmo, receoso. Choque! Por isso o show só viria a começar depois de 1h30.

O show da noite ou "Caraleo! Putaqueopariu! Finalmente! São eles!" e coisas do gênero:

Sabe aquela sensação de quando se é muito fã da banda e vê os caras subindo no palco? Então, indescritível. Começaram com todo gás tocando uma música que ninguém conhecia, mas e daí? Todos sacando suas câmeras, celulares e afins para registrar aquele momento. Eu, sem minha câmera, não fiquei nem um pouco chateado visto que se ela estivesse lá seria uma preocupação que poderia atrapalhar um pouco curtir o momento. Eles tocaram "I Bet You Look Good On The Dancefloor", "View From The Afternoon", "Fake Tales Of San Francisco", Still Take You Home", "Dancing Shoes", "When The Sun Goes Down", "A Certain Romance", "Brianstorm", "Teddy Picker", "Balaclava", "Do Me A Favour", "Old Yellow Bricks", "Fluorescent Adolescent", "This House Is A Circus", "If You Were There, Beware", "The Bad Thing", "Leave Before The Lights Come On" e mais 3 que eu e o público desconhecíamos. Uma delas totalmente instrumental. Todos cantavam todas as músicas juntos e ainda acompanhavam partes instrumentais com "pans", "pens", "tuns" e "tons". Deu para perceber o ânimo dos caras ouvindo isso. O Alex Turner ainda machucou seu pulso tocando uma das músicas, mas não parou e nem perdeu a energia. Aliás, ótima palavra para definir o show: Enérgico! Momento curioso do show: O vocalista e seu inglês de Sheffield, Inglaterra, tenta interagir com o público. Seu sotaque, ininteligível, faz com que ninguém entenda absolutamente nada. Resultado: risos no palco e na pista. Incrível que, passadas algumas músicas, eu estava quase colado à grade, aproveitando qualquer espaço para me aproximar. Nenhuma cabeça na minha frente. Perfeito, não? Terminaram então com "A Certain Romance" e logo saíram do palco.


O pós-show ou Como as pessoas são ridículas:

Terminado tudo os técnicos mais uma vez invadiram o palco. Jogaram palhetas (uma delas se perdeu no chão e garotas chafurdavam para encontrá-la), uma baqueta e algumas toalhas. Confusão para pegar as coisas, mas nenhuma briga. Aí vi coisas que realmente me incomodaram: Um garoto, em meio a um grupo, reclamava e parecia indignado dizendo “Estou saindo sem nada do show?! Isso não pode acontecer!” ou algo do gênero; Uma garota não parava de gritar para os holdies jogarem mais alguma coisa. Eu torcia para jogarem algo pesado; As garotas chafurdaram por mais de meia hora após o término e acredito que não sairiam de lá até encontrarem algo. Talvez estejam lá até hoje. Cacete! 20 músicas tocadas direto, agitadas e com o público comportado não valem à pena?! Eu hein...

E no fim, o fim:

Uma fina chuva, fila para pegar um táxi e finalmente descanso às 3h36 (última vez que olhei a hora antes de deitar).

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Dois dias de atraso, mas... Parabéns, pai! Mais um ano com os demônios superados!

Foram quase duas horas para escrever tudo isso. E olha que suprimi diversas coisas. Ok, sei que ninguém vai ler tudo, mas ao menos meu registro do dia mais cansativo e do melhor show dos meus 18 anos está aqui para sempre.

Agora não paro mais de ouvir Arctic Monkeys.

Cansei...

5 comentários:

Anônimo disse...

eu li tudo... e olha que tem prova da Insana Bentes amanhã e eu ainda não li o texto de Montagem Soviética (até porque ele parece ser muuuuito interessante). Mas é que shows e filas sempre rendem histórias engraçadas!

Que seus posts continuem prolixos e excessivos!! hehehehe

Luiz Fernando disse...

cara e não é que eu li tudo também? e pelo mesmo motivo do pedro: estou fugindo dos textos da ivana.

poxa o pessoal não ficou satisfeito com a pulseirinhalaranja não?
capitalistas!!!

Anônimo disse...

Acho que a sensação de ver sua banda querida finalmente entrando no palco merece uma palavra inteiramente nova. É tipo um combo de felcidade, realização, ansiedade e nervosismo, uma coisa estranhíssima.

Gostei do post, gosto de ler sobre shows. Eles são legais. Só quando se gosta da banda, claro. Do contrário, não passa de um palco em frente a milhões de idiotas gritando.

;*

Anônimo disse...

eu também li tudinho! prêmio de maior post do ano pra você!!! e outro prêmio pq o texto todo foi interessante!!!

XD

Leafar Gay disse...

Pô também li tudo
=/
E imagino q vc botou isso de num lerem pra todo mundo falar q leu né?
;)
Tava esperando pra ver que histórias iam sair desse show!Não decepcionou
:D