No ano em que o jovem completa 18 anos, sua maioridade, pode finalmente passar a beber, fumar e dirigir, claro que legalmente... Além disso, obrigatoriamente, deve se apresentar à junta militar mais próxima de sua residência e blá blá blá. Depois de iniciada a novela não há mais volta, começa também a tensão do "Será que vou servir?!Eu não quero!" ou ainda, e acreditem, isso existe, "Será que não vou servir?! Eu quero!". Pois bem, assim sendo hoje finalmente foi o meu dia de apresentação no 3º B.I. (Batalhão de Infantaria, para os desavisados), unidade militar desativada, mas que ainda esse ano leva os possíveis egressos ao serviço militar. Como qualquer coisa relacionada às forças armadas é cedo, bem cedo, e às 4h20 eu já estava de pé, ou melhor, deitado vendo clipes na MTV tentando esquecer o que poderia passar. Havia marcado com mais 2 amigos moradores das proximidades para irmos juntos, algo como um grupo de contenção, às 5h. Liguei para um deles passar aqui em casa antes de seguirmos de encontro ao terceiro. No local marcado ficamos até 5h15 e nada de sua chegada então decidimos prosseguir. Obviamente que todo o assunto, no ponto de ônibus, na roleta, no banco, fazendo sinal, era a possibilidade de ser obrigado a servir. Chegando lá encontramos o terceiro elemento num dos primeiros lugares da fila... Nos posicionamos em últimos, atrás de pouco mais de 30 pessoas, como um dos poucos grupos que já se conhecia antes dessa desventura, o que levou o nosso amigo a desistir do seu lugar para ter com quem conversar e não ficar pensando no que estava do outro lado dos muros verdes protegidos por um arame farpado. Não demorou muito (6h) e nos mandaram entrar. Foram entregando senhas (um papel com um nº, dados relativos à divisão que nos encontrávamos, plastificado e preso por um cordinha para ser pendurado no pescoço) a todos e fizeram a fila parar justamente quando eu ia entrar... Passado 1 min. me mandaram entrar, conduzindo a fila, e para meu espanto fiquei com o nº 18, menosr que o de algumas pessoas que entraram antes de mim. Ok. Um sargento então começou a discursar, dizendo precisar fazer perguntas antes de nos levar ao local em que seríamos selecionados. Perguntou quem era pai ou sustentava a família e separou as pessoas que levantaram a mão. Depois perguntou quem trabalhava com carteira assinada ou dependia do certificado de reservista para assinar e separou outro grupo. Logo após ele disse "Quem faz faculdade?" e nesse momento fui às nuvens. Eu não ia servir mesmo! Levantei a mão relutante e a passos relaxados me distanciei do restante do grupo. Não prestei mais atenção em uma palavra que foi dita até trocarem o sargento por um soldado. O último, visivelmente nervoso, começou:
- Vocês estão dentro de... uma área militar e pelo que... e não tem nenhuma criancinha aqui. Há um mês e... um mês e meio atrás um negão metido a malandro se achou engraçadinho e ficou xingando os caras... os guardas que estavam no portão. Para a sorte (que só podia ser deles com o tom de voz que percebi) o sinal fechou e pudemos buscar o cara no ônibus. Demos uns tapas pra aprender e o negão, malandro, metido a esperto, ficou preso aqui e teve que chamar mamãe e advogado pra sair. Então não tem criança nenhuma aqui dentro... Quem quiser, quando sair daqui, pode namorar homem se quiser... (essa pausa foi longa) Pode namorar mulher, pode fazer o que quiser. Aqui dentro vocês vão manter o respeito!
E foram os 2 grupos levados para outro lugar. Enquanto o pessoal que poderia ser selecionado entrou num alojamento a nós, livres, delegou-se que ficaríamos sentados no sol. Óbvio que isso era confortável demais. Logo nos levaram para outro lugar, de costas para um campo de futebol mal-cuidado que se estendia até um morro, todos em pé no sol. Um dos meus amigos, para sua sorte, logo foi levado até lá também. O que se faz num situação como essa? Se amaldiçoa o fato de ter ido com uma camisa preta. Mas tudo bem, pelo menos eu logo estaria livre (já eram mais de 7h). Na sala logo em frente, trancada, estava escrito "Sala de questionário (Ministério da Saúde)" e logo descobrimos esperar pela enfermeira. Um homem (não sei a posição hierárquica) disse que ela logo viria para fazermos um questionário e um exame de próstata, aproveitando que ela tinha dedos grossos, e até que chegasse não teria como entramos porque não tinham a chave. Desespero geral, embora aquilo fosse um absurdo e sem sentido. Males de estar no exército. Pouco tempo depois, quase 8h, arrumaram uma chave. Entramos e pudemos ficar sentados numa sala, lendo o termo de consentimento e o questionário, ainda esperando a tal da mulher. No fim ela acabou não aparecendo e fomos levados novamente até aqueles bancos no sol que naquele horário já desfrutavam das sombras de amendoeiras e outras árvores que não reconhecia. Às 9h (aquele lugar fica num limbo espaço-temporal) mandaram que descêssemos uns degraus e começaram, finalmente, a nos devolver os certificados de alistamento militar, agora com mais um carimbo relativo ao dia para irmos mais uma vez à junta e quem sabe algum dia completarmos o processo burocrático. Pude respirar aliviado ao ouvir chamarem "Pedro Gabriel Gon..." (peguei o papel antes de terminarem de falar) e esperei por mais quase meia hora até que meu amigo pudesse pegar o dele. Sim, o terceiro elemento ainda estava passando pelo processo de seleção e ainda não sei o que houve com ele. Não, ele não queria...
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Acho que vocês não querem ler mais nada...
terça-feira, 9 de outubro de 2007
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2 comentários:
Um dos amigos era eu !
dia sofrido esse , alem do que sofri terror psicologico de ter ficado la dentro por mas uns 20 minutos depois de muita gente ter sido liberada ! por alguns instantes achei que eu ia servir ,mas lembrei dos problemas que eu tenho e logo lembrei que nao pdoeria servir de modo algum ! pois bem dia grande esse , só senti falta emsmo da escola , forá isso dia como os outros !
nosso quase fiz um post no comentario xD!
Você acertou.
PS: Porra vc foi pro quartel ou pra sauna gay?
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