segunda-feira, 14 de abril de 2008

...

E lá estava aquela figura deplorável... Há dias ou horas naquele pequeno canto escuro, sentado com o seu olhar fixo em nada. Não conseguia nem ao menos reunir energias para se levantar. O mais temível: aquele era eu. Meu corpo não respondia mais às minhas vontades, o máximo de esforço me levava a amaldiçoar meu estado mentalmente. A pouco mais de cinco passos um recinto repleto de pessoas dançando num ritmo que não conseguia discernir daquele baque surdo na minha cabeça. As têmporas pulsavam, tudo girava, mas eu não podia continuar ali. Consegui me levantar finalmente cambaleando apoiado numa cadeira. As luzes entorpeciam mais que o álcool consumido em excesso naquela noite. Caminhei a passos vacilantes até uma escada e com a mão direita fui tateando o corrimão para auxiliar a subida. Não lembrava o quanto o ambiente era escuro. Lentamente, degrau a degrau, fui seguindo até chegar num corredor. De lá pude avistar um grupo de pessoas reunido num canto da varanda e minha curiosidade fez com que me aproximasse. Tão logo cheguei até eles me foi passado um pequeno baseado. Hesitante, levei-o à boca e traguei um pouco daquela erva. O papel usado para embrulhar o fumo estava úmido mas isso não me importava. Mais um trago e me afastei.

***

Estava em meio àqueles corpos que se moviam num compasso diferente do que eu me encontrava. Enquanto tentava acompanhá-los suava fartamente. Como ainda fazia isso? Não sei, era qualquer vontade que não partia de mim. Nem ao menos conseguia abrir meus olhos, mas percebia tudo à minha volta. Então senti aquele pequeno corpo encostando-se ao meu. No pequeno espaço obtido pela abertura das minhas pálpebras para enxergar alguma coisa pude ver seus longos cabelos negros. Nossos movimentos estavam sincronizados, minhas mãos moviam-se vagarosamente pelo seu corpo, sua bunda encaixava perfeitamente em mim, estava bolinando-a. Tive uma ereção, mais agradável que qualquer outra que já havia tido até aquele dia. Minha cabeça ainda girava, no entanto agora estava focada, ou melhor, não era minha cabeça que focava, era sim qualquer impulso animal que cotidianamente é suprimido. Sentia o cheiro de seus cabelos, suas coxas grossas, sua fina cintura, sua barriga, seus seios, todos seguindo a batida da música e as luzes, dançando para mim. Sussurrou qualquer coisa em meu ouvido e começou a caminhar voltando sua cabeça para trás. Segui. Encostou-se na parede e ficou esperando. Sem qualquer troca de palavras colocou sua língua dentro da minha boca. Mordia meus lábios lascivamente até que senti um gosto salgado, meu sangue. Eu não temia ser visto, não temia ser repreendido, não temia nada, eu queria apenas aproveitar o gozo que era estar com aquela mulher desconhecida...

***

Saí daquela casa. Estava acabado como nunca antes. As ladeiras de Santa Teresa dificultavam meu caminho, o trilho do bonde dificultava meu caminho, o álcool dificultava meu caminho, as drogas dificultavam meu caminho, aquela rápida transa dificultava meu caminho... Mas para onde eu ia? Não havia motivo para ir a lugar algum! Preocupação com o amanhã? Nem ao menos existe um amanhã! Só o que havia era eu, ***, nada mais importava. Passando por mendigos, bêbados, carros, casais, solitários, boêmios, apenas segui.

***

Já chegava à Lapa no final da madrugada, cansado, sujo. Alguns bares fechavam suas portas, outros lavavam as calçadas, prostitutas travestis procuravam clientes para terminar a noite de trabalho, homens ofereciam taxis... E eu? Procurei uma cadeira num botequim, pedi um maço de cigarros, um isqueiro, uma cerveja. Entre um trago e outro, entre um gole e outro pude então me sentir vivo...

5 comentários:

Vivian disse...

O meu conto erótico será melhor que o seu. =P

E você naõ se preocupa em acharem que esse post é auto biográfico? Talvez não já que ele incluiu o protagonista comendo alguém.

Sem mais.

waldecy disse...

Pô maluco me leva nessa festa da próxima vez que tu for.....RSSSSSSSSS

Bia Seilhe disse...

Seu drogado. Aliás, imagina você drogado?!?!

Vejamos: bêbado, cansado, drogado, bolinado... Coisa que aliás parece ser quase uma constante, já que Vivian e Xuxu se aproveitam de você.

=p
Brincando. Achei um post quase que psicodélico esse....

Leafar Gay disse...

Um apartamento, 6 mulheres e 4 homens! Amarula, Cachaça e Cerveja! É, eu acho que ontem vc conseguiu mais uma história pra contar daqui a algum tempo!
Eu te chamo pras paradas...vê se qd arrumar outra festinha dessa chama os parceiros!
Calmaê...te bolinam na faculdade?

Luiz Fernando disse...

o q vc anda fazendo rapaz?

tsc tsc tsc...