segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Flanando?

Caminhar pelo centro do Rio sempre me agradou. Desde meus tempos idos de Ensino Médio, que parecem ter sido há décadas, gosto de passar algum tempo em meio àquela desordem urbana. Indivíduos sempre indo e vindo, sabe-se lá para onde, a rádio Saara, os largos, as avenidas, os becos, as gotas de água do ar-condicionado do alto do edifício, os papéis distribuídos ao longo da Rio Branco, tudo criando um ambiente que já considero familiar. A simples percepção de atravessar por esses lugares me satisfazia não importando o que precisasse ser feito, se é que havia realmente algo que fosse além dos passos perdidos nas calçadas irregulares.

E hoje não foi diferente. Precisava procurar papel fotográfico preto e branco. Num centro de cidade capaz de misturar tão bem construções antigas com a modernidade, acho que me senti nostálgico. Nostálgico por um tempo que não vivi. Um jovem procurando filmes fotográficos? “Em tempos de fotografia digital?”. “Para que você quer isso?”. “Isso ainda existe?”... Nunca estive em contato com tantos vendedores, nunca tive conversas tão demoradas com desconhecidos, nunca pedi tanta informação, nunca procurei tanto por algo. Alguns podem se perguntar por que não procurei na internet ou tentei conseguir com amigos que já possuíssem. Acreditem, tudo escrito anteriormente é verdade.

Quando me indicaram uma galeria próxima ao Largo de São Francisco fiquei eufórico! Apesar de recorrer a informações sobre sua localização eu sabia exatamente onde era. Poderia visitar novamente o Real Gabinete Português de Leitura. Lembro de ter ido lá quando era bem mais novo, mas não exatamente como era o lugar além de um deslumbramento que ainda sentia inconscientemente. E novamente pude sentir o mesmo. Não encontrei imediatamente o que procurava e o caminho que passei a percorrer se referia mais à minha vontade que a algum tipo de racionalidade voltada para o consumo. Novamente entrei na Confeitaria Colombo pensando em consumir algo para desistir logo em seguida, mais uma vez arrumei uma desculpa para passar em frente ao Pedro II, aquele era eu entrando em sebos procurando por qualquer coisa, demonstrando interesse por tudo, esse sou eu saindo desnorteado de cada estabelecimento que entrava e apenas passenado a esmo... E que tarde!

Se encontrei ou não o tal papel? Que importa?! A tarde foi agradabilíssima!

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Esse blog completou um ano de existência no mês passado! Quem diria que duraria tanto? De postagens diárias a pouca freqüência atual, bastante tempo com muitas histórias e, mesmo não se propondo a tal, um diário de minha vida. E que venham mais anos!

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"What came first, the music or the misery? People worry about kids playing with guns, or watching violent videos, that some sort of culture of violence will take them over. Nobody worries about kids listening to thousands, literally thousands of songs about heartbreak, rejection, pain, misery and loss. Did I listen to pop music because I was miserable? Or was I miserable because I listened to pop music?" disse Rob (John Cusack) em High Fidellity (Stephen Frears, 2000)... E não é que eu me peguei fazendo exatamente esse mesmo tipo de questionamento há pouco tempo? Por isso tenho ouvido bastante Little Man Tate. Vamos animar um pouco!

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Depois de Baudelaire que venha João do Rio!

2 comentários:

Anônimo disse...

eu gostava de andar no centro do rio no começo da faculdade... tem uns lugares bem interessantes... o cabinete portugues real de leitura (ou algo do tipo) é fantástico!

Mas hoje em dia naum tenho mais saco de ficar andando por lá... e só a visão de um acomglomerado de pessoas andando na calçada me faz ter vontade de querer matar alguém!!

Tatiana disse...

parabéns!