Não há formas de fugir da morte. Inevitável, um segundo e pronto, fomos. Por que estou falando disso? Bem, perdi minha bisavó na noite de ontem. De qualquer forma, não pretendo fazer um tratado sobre vida, morte, existência de deus, alma ou qualquer questão metafísica imbecil e desnecessária para um momento como esse. Quero mesmo é relembrar de como foi ótimo ter uma bisavó durante meus vinte outonos de vida (e agora invernos também) e gostaria de pôr tudo em ordem. Impossível! Não sei como fazer isso. Diferenciar o que foi uma construção minha de algo real?! Desnecessário! Enfim, me recordo de alguns poucos momentos. Eu a chamava de Vó Ema, a maioria das pessoas, Dona Noêmia. Lembro de, durante a minha infância, passar tardes em sua casa em algum lugar em São Gonçalo que não me recordo bem, tomar vitamina de abacate, sacolés, brincar no quintal, conversar com ela... Coisas singelas de uma vida suburbana. Por algum motivo, está na minha memória também uma antiga bacia de alumínio que ela possuía até hoje. Não sei se eu gostava de brincar com ela, de observar enquanto lavava roupas, não sei, mas a bacia está aqui e nunca ousará sair. E do que mais me recordo...? Ah! Claro! como ela gostava do meu rabo de cavalo e de me ver vestido de azul. E ela sempre pedia para, quando saíssemos de sua casa, deixar a tevê no “canal da novela” ou o do “homem da cara grande”. Como era gostoso perceber sua alegria ao ver a casa cheia em diversas ocasiões, mesmo que nos últimos anos não soubesse ao certo se era o dia das mães ou seu aniversário. Era incrível sua capacidade de, mesmo aos 91 anos, preparar comida em quantidade quase industrial para as visitas enquanto, após comermos pratos dignos de trabalhadores braçais, pedia para repetirmos. E depois do almoço logo inventava um lanche, e depois do lanche, um doce, e depois do doce... Acho que jamais esquecerei sua risada, embora já não a ouvisse há muito tempo... Não pense que estou triste, estou é com saudades por saber que certas coisas nunca mais voltarão...
terça-feira, 23 de junho de 2009
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Um comentário:
Pessoas queridas nunca sairão do nosso coração..! Queria ter tido uma vó/bisavó assim (invejinha). Sorte a tua ter tido ela na tua vida e fofíssimo da tua parte postar essas palavras sobre ela.. Lindo :)
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