Por que escrevo? Não encontro a resposta de imediato... Madrugada de sexta para sábado e eu, como qualquer outro jovem, deveria estar aproveitando a noite. Mas não, estou em casa... Os únicos sons que ouço são dos meus dedos bulindo o teclado e o insuportável ranger da cadeira onde estou sentado, a única companhia é minha mente irrequieta, meu único motivo de cansaço é ter agüentado mais um dia do verão carioca. Agora eu não deveria estar pensando, não deveria refletir sobre nada. Deveria estar numa boate com centenas de desconhecidos à minha volta, deveria estar num boteco com diversas pessoas tecendo comentários sobre nada e tudo, deveria estar transando em algum lugar sujo, deveria estar bêbado, deveria... Só não deveria estar pensando. Muito menos escrevendo! Tento não imaginar o que acontece através dessa porta para melhor suportar minha condição. Minha cabeça não lida da mesma forma que tento transpor, ela dói, parece cansada, confusa, mil coisas ao mesmo tempo. Porém algo impede que pare de escrever, só o tempo de tomar um gole de água e fingir uma normalidade que desconheço.
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Sigo meu fluxo e ainda tento encontrar uma resposta para a pergunta. Afinal, por que escrevo? Não torna nada mais fácil, não tem qualquer utilidade prática, não traz qualquer gratificação. Além disso, sempre me exponho mais que gostaria, releio depois e vejo que acabo me transformando no meu próprio algoz. É tão mais fácil não discorrer sobre nada... A maioria dos seres humanos é assim, não se preocupa com problemas mundanos. Objetividade sempre, de preferência inconsciente! Gostaria de ser assim e não precisar sempre recorrer à subjetividade. Reflexo de insegurança? Falha na personalidade? É uma espécie de vazio ininterruptamente presente e jamais totalmente preenchido. Talvez eu escreva por isso, para organizar o nada, ordenar aquilo que está vago, me sentir mais vivo. Talvez...
PS.: Que texto afetado! Peço desculpa aos meus poucos leitores... Acontece. Se esse blogue já costuma ter poucos cometários creio que em momentos como esse a culpa é inteiramente minha.
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A trilha sonora de "Sangue Negro" foi composta por Jonny Greenwood, ou seja, mais um motivo para ver/ouvir esse filme. Para quem não sabe ele é um dos integrantes do Radiohead (dar o nome de uma função específica a um músico dessa banda é complicado, mas ele de vez em quando é um guitarrista).
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Fim de semana sem muito o que fazer... Por isso pesquisar informações na internet parece um ótimo passatempo. Numa dessas andanças acabei descobrindo algo que acredito que muitos já sabem (talvez não com maiores detalhes), mas não custa dizer. O clipe de "Open Your Eyes", do Snow Patrol, é uma apropriação do trecho de um curta-metragem francês de 1976. Ele se chama "C'était un rendez-vous", de Claude Lelouch, e possui 8:39 min. de duração. Mais informações na Wikipédia e é óbvio que tem no YouTube.
4 comentários:
sabe q gostei muito do q escreveu??
inclusive da parte mais afetada do texto.
e as informaçoes realmente foram relevantes em minha vida! nao sabia da onde tinha saido a ideia do clip.
eh isso...
beijos
Vc mesmo respondeu sua pergunta!!!
"Talvez eu escreva por isso, para organizar o nada, ordenar aquilo que está vago, me sentir mais vivo..."
Eu gosto do que escreve, mesmo quando coloca partes "afetadas" no texto! Pelo menos escreve né..Pior eu que não consigo escrever nem uma linha sequer... rsrrsrs
bjs
Tati
Eu gostei do texto! Escrever sobre o nada, de maneira subjetiva ou não, ajuda bastante.
Também estava em casa de sexta pra sábado. Teve momentos que achei que isso era triste, mas não penso mais assim.
Não sabia sobre a orgiem do cilpe... Sei que tem outra versão, em Londres, eu acho, mas nunca a vi inteira.
ps: o lirismo do Raffinha migrou pra cá...
ah, eu sabia do clipe. Não lembrava todos os detalhes que você escreveu aqui, mas sabia que era um curta.
e o lirismo do Raffinha tá se espalhando mesmo.
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